VW Fusca 1970 - Você tem Sorte?

Quando se ganha um carro antigo na rifa e tem que ser refeito.

Há alguns anos, em um evento marcante na cidade serrana de Teresópolis, no Estado do Rio de Janeiro, vivi uma experiência que mudou minha relação com carros antigos. O clube Old Style Teresópolis, famoso por reunir apaixonados por veículos clássicos, organizava seu aguardado evento anual.

Entre exposições de relíquias automotivas e histórias compartilhadas pelos membros e visitantes, o ponto alto do evento era o sorteio de um carro antigo. Naquele ano, o prêmio era um icônico VW Fusca 1970 modificado, que chamava atenção, era quase um Rat Rod, rebaixado, suspensão encurtada, quase não dava para dirigir, tinha um bagageiro no teto cheio de coisas antigas como extintor velho, engradado de madeira de garrafas de Coca-Cola, bem ao estilo proposto.

Encontro de Carros Antigos

O encontro do Old Style de Teresópolis

Naquela época, nós tínhamos uma oficina mecânica na cidade de Teresópolis, localizada na belíssima Região Serrana do Rio de Janeiro. Sempre que podíamos, aproveitávamos os finais de semana para participar dos encontros de carros antigos que aconteciam na região.

Foi assim que decidimos ir ao encontro anual do Old Style Teresópolis, um evento grandioso que reunia uma verdadeira festa automotiva. Era uma celebração dos apaixonados por clássicos, com uma variedade incrível de carros antigos. Por lá, era possível encontrar de tudo: desde os imponentes Hot Rods, passando pelos estilosos Rat Rods, até os queridos Volkswagen Air Cooleds (refrigerados a ar) e muitos antigos, clássicos nacionais e importados.

O grupo Old Style, sempre se destacava pela organização impecável e pela animação. Um dos grandes atrativos dos encontros anuais era o sorteio de um carro antigo para os participantes que contribuíam com a taxa de inscrição. A possibilidade de levar para casa um clássico desses fazia com que o evento fosse ainda mais aguardado por todos.

Os que me conhecem sabem: eu ganho tudo que é sorteio! Tanto que, muitas vezes, quando me inscrevo, outros desistem de participar. Pode acreditar, não é exagero. E nesse evento, como esperado, não foi diferente.

Ao chegar no encontro do Old Style Teresópolis, adquiri meu bilhete para o sorteio. Escrevi o nome da minha esposa, Érica, no bilhete. O evento foi evoluindo, e em certo momento anunciaram no microfone que os sorteios iam começar. Seriam brindes, ferramentas, e até nós mesmos contribuímos, sorteando duas vagas no nosso curso de mecânica.

Antes de os sorteios principais começarem, me levantei para ir ao banheiro e, entreguei o bilhete à Érica dizendo:
“Fica esperta que irão te chamar lá para pegar o Fusca.”

Afinal, confiança é a chave do sucesso. E mais: palavra tem poder, anote isso.

Na saída do banheiro, acabei encontrando um senhor dono de um dos únicos 3 Passat GTS Pointer 1989 fabricados. Ele é de Nova Friburgo, e começamos a conversar sobre carros, como todo bom entusiasta de clássicos. Foi então que, de repente, ouvi ao longe, no microfone:
“E a ganhadora do Fusca branco é… Érica!”

Foi hilário! Lá estava eu, longe da multidão, enquanto minha esposa se levantava, incrédula, para buscar o prêmio. A confiança não apenas falou alto – ela gritou naquele dia.

A cidade serrana de Teresópolis

Depois do evento, meu amigo e sócio Dilson Redinger, proprietário da Oficina do Izak em Niterói, foi incumbido da desafiadora missão de levar o Fusca para a nossa oficina em Teresópolis. Foi uma aventura e tanto! O carro quase não chegou: sem freios, muito rebaixado, problemas na caixa, enfim, um veículo que, de certa forma, fazia jus ao prêmio oferecido. Durante o evento, até recebi uma oferta pelo Fusca. Olhando para trás, penso: devia ter aceitado! 😅

No dia seguinte, além de lidar com o carro na oficina, precisei resolver os documentos do veículo. Avisei no trabalho que não poderia comparecer devido a esse imprevisto, e decidi ficar em Teresópolis com minha família. E foi aí que surgiu o primeiro problema da aventura.

Os hotéis próximos à feirinha de Teresópolis, infelizmente, se recusaram a nos hospedar. A alegação era de que nosso filho, com quase um ano na época, poderia chorar à noite e incomodar os outros hóspedes. Foi uma situação desconfortável, e lembro até hoje de uma senhora já de idade avançada nos negando hospedagem.

Chegamos a considerar pernoitar na oficina, dentro do meu Opala – pelo menos seria aquecido, e naquela noite a temperatura estava abaixo dos 9 graus! Por sorte, nosso sócio, que morava em Teresópolis, conseguiu um hotel do outro lado da cidade. Foi um alívio, e ficamos muito bem instalados.

No dia seguinte, com a cabeça mais tranquila, resolvemos a documentação do Fusca. O carro foi transferido para o nome da minha esposa, Érica, e ficou na oficina para uma geral. Enquanto isso, retornamos para casa no meu outro clássico, um querido Fusquinha 60.

Apesar de tudo o que aconteceu, aquele evento foi realmente muito especial. Ficaram na memória o sorteio, o sonho da oficina que, infelizmente, não deu certo, e a alegria dos verdadeiros amigos que estavam ao nosso lado.

Teresópolis é uma cidade maravilhosa, com paisagens de tirar o fôlego. Aliás, toda a Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro é incrível. Sou suspeito para falar, pois minha família chegou como imigrante em Nova Friburgo, e tenho uma ligação muito forte com essa região. Sou apaixonado por suas montanhas, sua cultura e o acolhimento de sua gente.

A história do Fusca não termina aqui! Ainda há muito para contar, e essa saga continua em outro artigo. Espero que você tenha gostado dessa parte da jornada. Se sim, compartilhe com seus amigos e nos siga nas nossas redes sociais para acompanhar mais histórias e curiosidades sobre carros clássicos e a vida na estrada.

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